quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Vivências


Voltou para trás, desorientada, coberta de lágrimas. Sentou-se no mesmo lugar, e tentou recordar tudo o que sentiu. A sua respiração estava acelerada como nunca antes esteve. Ficou ali durante horas a olhar a água, como se da primeira vez se tratasse. Nunca desejou aquilo, poderia ter continuado feliz com ele, mas ele preferiu ir embora e isso magoava-a, sentia um vazio tão profundo como se o mundo lhe caísse das mãos.
Entrou em casa desconsolada, todos lhe perguntavam o que acontecera, mas ninguém se dignou apenas a estar ao lado dela, ninguém compreendia aquela dor. Ouviu-se um barulho, talvez a porta do seu quarto a bater. Deitou-se por entre todas as almofadas que decoravam a cama e só se ouvia soluçar. Um silêncio profundo permanecia naquele quarto, estava escuro, as cortinas não deixavam a luz entrar, sentia-se um desconforto incrível, as pernas dela tremiam, as almofadas não deixam que se visse o seu rosto.
Começaram a ouvir-se passos por entre o corredor, e alguém tentava abrir a porta com muito cuidado. Ela ergueu a cabeça desejando que ele se tivesse arrependido e voltasse. Era Ema que, com passos suaves, dirigiu-se à sua cama, sentou-se ao seu lado, e passou-lhe a mão no rosto.
Ela voltou-se para o outro lado sem conseguir dizer apenas uma palavra. Ema pegou nas almofadas e colocou-as num canto do quarto, abriu as cortinas, a luz entrou, e deitou-se com ela na cama. Ficaram ali as duas e Ema disse num tom meigo: - És demasiado importante para te deixar sozinha neste momento. Dorme agora, descansa.
E ficaram as duas ali até o sol voltar a entrar por aquela janela.


2 comentários:

  1. "...sentia um vazio tão profundo como se o mundo lhe caísse das mãos.", gostei imenso.
    Mais um texto bonito, tens talento Joaninha :D
    P.s. A foto ta demais

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  2. nao sou a Ema, mas faço minhas as palavras dela!
    "es demasiado importante"

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