domingo, 17 de maio de 2009

Esperar

Permaneceu sempre no mesmo lugar, no lugar onde ele quis que ficasse. Esperou sempre que voltasse, e quando isso aconteceu, permaneceu inerente ás suas atitudes. Sonhou alto, pensou e até imaginou, e tudo isso acabou por ser penalizado. O que dói mais não é a não concretização, é a interpretação que ele fez dessas mesmas atitudes.
Sente-se sufocada por aquelas palavras, ou melhor, sufocada pelas palavras que não dissera, pelas palavras que ficaram para si.
Hoje acordou e sente que mudou tanta coisa… a atitude dele é forte, pede uma explicação e nem isso lhe faz merecer. Chora, chora desesperadamente, mas sente-se presa a qualquer adversidade.
Somente pensa o quão bom era ouvir a sua voz, que tudo voltasse atrás, sentir os seus lábios, as sus mãos, as palavras que saíam, irresistivelmente, da sua boca. Tomara que a protegesse de novo e ela faria dele a pessoa mais feliz.
Sente que aquele, tão desejado, texto foi em vão, que aquele fim foi totalmente modificado. Já não há nuvens e ela já não está ali, inerente a qualquer queda.
Mas ela acredita, porque sabe que um sentimento é mútuo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Presente


E se eu hoje escrevesse sobre o tudo e o nada que permanece á sua volta? E se aquele vazio estivesse cheio de momentos maravilhosos? E se aquelas nuvens não fossem constituídas de gases, mas de pura imaginação? E se todas as suas questões fossem a razão da sua sobrevivência?


Uma unha pintada, o cabelo horrivelmente liso, esticado, os lábios brilhantes, as pestanas nunca antes maiores, porque existe rímel e um sorriso na cara, é motivo para tanta felicidade? Ela tem a resposta! FUTILIDADE. Pessoas fúteis que não conhecem o interior de ninguém, nem mesmo o delas, pessoas que conseguem dar mais valor ainda ao que está já valorizado, desvalorizando o que acarreta uma quantidade lunática de importância! Ela tem medo. Medo do que poderemos vir a ser, no que o mundo se poderá tornar. Sim, com este avanço da ciência, com a exclusão dos sentimentos, como que se pudessem tapar desta forma, com a ignorância do estudo da mente, começa a achar que seremos monstros, ou até robôs, ou até mesmo um conjunto de órgãos ligados, totalmente ocos!


O peso de um futuro toca-lhe nos ombros, a preocupação, as questões, não resolverão nem um momento do que seremos, pelo contrário, quanto mais tentamos impedir, mais expelidos, ignorados, maltratados somos, pela porcaria de sociedade com que vivemos, sem o mínimo de costumes e actos importantes (e honestos)!

Pensam que será tudo assim nos próximos 50 anos? Quando quiserem desvendar a cabeça debaixo de água, para tentarem sobreviver, será tarde de mais, morreremos todos num ápice!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Passado


E se o passado se fizer sobressair ? Tal como um objecto que, depois de tanto tempo, dá à tona ? E foi isso que aconteceu. Ele continua no seu pensamento, mas há situações e pessoas também muito importantes, que fizeram parte de momentos passados, bons momentos.

As palavras dela agora são diferentes, são palavras pensadas, mais racionais e, tal como leu uma vez "Tento esquecer a mágua, guardar só o que é bom de guardar".

Os raios de sol refletem na sua cara, por entre aquelas janelas e ela continua a escrever.

Podem até insinuar que não aprendeu nada com Ele, que apenas a maguou mas... não foi isso minimamente que aconteceu, pelo contrário, ele deu-lhe uma lição para a vida, cresceu e ganhou muitos bons momentos! E são esses momentos que vai recordar com todo o carinho, todas as brincadeiras, todas as palavras, todos os carinhos. Vai ser essa a história que vai querer contar.

Acabou, mas ficou.

Levantou-se, foi embora e quiz ser feliz !

Lugares


Encontra-se num calmo e aconchegante café, repleto de imensos incênsos, com vários odores, puffs desencontrados, alguma luz reflectida por alguns castiçais com velas e uma música calma, harmoniosa que consegue purificar a alma de qualquer pessoa.

Está sentada á janela, olha o mar, uma vista incrívelperfura o seu olhar, as ondas vão e vêem e ela permanece ali.

Um rapaz, ainda novo, pára e encosta-se na sua mesa. Um casaco rasgado, as mãos sujas, despentadeado, trazia algumas rosas numa mão. Ela tira uma moeda do bolso e compra uma. Os olhos dele brilharam e esboçou um sorriso tão puro, tão sincero, como já não vira há muito tempo. Com uma voz meiga, agradeceu e foi embora.

Sentiu a alma tranquila por tê-lo visto sorrir daquela forma, mas também uma tristeza que lhe invadiu o coração.

É assim o mundo em que vivemos, um misto de sentimentos e, aí, ela repara que há momentos, tão ou piores, que os que ela diz serem a razão da morte da sua alma.

Ainda sobrevive...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Acreditar



Ela achava que nunca iria ser superior ao sentimento, mas isso mudou. As palavras dele foram muito fortes, ultrapassaram tudo o que ela poderia sentir.

E acordou, acordou quando o Ricardo Branco disse "achas que é bom a tua vida estar na mão de alguém que nao tu? Tens apenas de encontrar o botão em ti, aquele que aciona o amor próprio que é o mais sincero de todos! "e acabou aqui.

Ela irá ter sempre o pensamento nele, mas tudo muda quando nos convence-mos que queremos mesmo que isso aconteça.

Os olhos dele fazem com que lágrimas percorram o seu rosto, fazem com que ela continue a cair. Mas agora é diferente, há uma tentativa consistente de superar e consegue.

Pega na bolsa, leva dois livros na mão e sai com um sorriso forçado. Consegue sorrir sempre, mas ele derruba sempre a mais pequena parte de felicidade contruida quando está por perto.



O coração dela parece explodir, cruzam-se perante a multidão e parece que, para ele, ela é apenas mais uma pessoa perante todas as outras. Ela pára e olha para trás, nesse mesmo intante, o movimento repete-se por ele. Os olhos fundem-se e ele continua a andar.

Ele consegue manipular o seu pensamento e agora sente-se perdida no meio daquele gente toda como se ela fosse o centro e não houvesse maneira de sair dali.

Encosta-se a uma parede repleta de desenhos, desenhos não, arte urbana que, para mim, não passam de meros riscos com um ponto de sentimento e com o objectivo de vandalização, se me permitem.

Desvia os cabelos do rosto e tenta situar-se, enquandrar-se e fazer com que seja ela a comandar o seu pensamento.

Será que conseguirá libertar-se ? Se me permitem, ele será o seu corpo, a sua mente, será as suas palavras, as suas histórias, os seus momentos, a sua musica. Ele não se entranhou nela, apoderou-se.

Agora são apenas um, sem o consentimento e até mesmo, sem o conhecimento dele!

Depois de se encontrar na multidão seguiu em frente, sorriu.

Podem até pensar que já se libertou dele, não, seguiu em frente com ele. É possivel porque ele permanecerá infinitamente nela, será sempre o seu pensamento.

terça-feira, 3 de março de 2009

Recaída


"A noite foi tão dura e difícil de sarar. Mas onde tudo morre tudo pode renascer".

Faltou o suporte, a protecção e ela acabou por cair. Caiu no esquecimento, naquela escuridão infiníta. Tantos eram os motivos para isso mas, no dia seguinte, tudo volta ao normal.

Volta a saudade, o arrependimento, a tentiva de perceber o que havia feito no momento de escuridão.

Houve uma força, uma força que levou todo o alcool ao sangue; a droga permaneceu no seu cerebro, fazendo-a cair, outra vez, naquele ciclo. Houve outra tentativa de ser feliz, mas tudo piorou. Sentiu uma preocupação por parte dele, mas não muda absolutamente nada.

É uma sensação horrivel, uma dor imensa, saber que ele é a única pessoa a quem ela entregava o seu corpo, a sua alma, doi sentir que esperará por ele sempre.

Tem a alma desfeita, o coração frio e não há forças para se levantar. Tudo o resto tomou o seu corpo.

Não anseia acordar mais.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Reviver



Quando ela voltou a ter o mundo todo nas mãos, uma espécie de onda gigante voltou a destruir parte do que havia sido reconstruído.
No momento em que esboçou o seu primeiro sorriso, ele apareceu. Apareceu de uma forma tão violenta, tão forte e, ela, voou para os braços dele. Ele pegou na sua mão, agarrou o seu corpo, aproximando-o do seu, como se o mundo fosse acabar naquele instante, encostou os lábios no ouvido dela, sentindo-se a respiração quente e acelerada e, lentamente, os lábios aproximam-se, os corpos fundem-se.
A saudade morreu ali, morreu quando os olhos dele destruíram todas as tristezas.
Voltou a sorrir, voltou a viver, voltou a sonhar mas, apenas, durante aquelas horas, enquanto a onda voltava para o mar, até o sol deixar de brilhar.
Quando tudo isto passar, a nuvem voltará a cobrir todos os sorrisos e haverá outra tentativa de existência.
Ela sabe que é isto que acontece sempre, mas aquele buraco escuro tem tanta força e ela não consegue deixar de cair nele. Porque a saudade mata-a. Não, não fisicamente, mata a sua alma, mata todas as suas capacidades de sobreviver.
A onda voltou para o mar. Ficou escuro…

Realidade


Uma vez a Sara disse que haviam mil e um motivos para sorrirmos e que não vale de nada perdermos a nossa alma em momentos que agora não passam de meras recordações. Quando aquelas palavras se entranharam com toda a força no seu coração ela discordou, gritou com muita mágoa que ninguém a entendia, mas, a realidade não é essa, e a Sara tinha razão.
Com os phones nos ouvidos, um pequeno sorriso no rosto com uma força inexplicável que tomou o seu corpo, encontra-se num plano e fresco passeio junto ao rio.
Sentou-se num daqueles bancos de pedra, com um pequeno canteiro, repleto de flores com cores muito vivas, junto a ele. Tirou um pequeno caderno da sua mala e arrancou todas as folhas escritas e, lentamente, atirou-as, uma a uma, ao rio.
Agora, as recordações, pertenciam somente á sua alma; o passado, as ondas encarregaram-se de guardar.

Mudança


Em relação á saudade não há muito a dizer. Ela apenas constatou que magoa. Sente vontade de estar com ele, de o abraçar, de o beijar, de o sentir por perto. Mas agora, agora, não há volta a dar. Ele voou e ela, mais tarde ou mais cedo, fará o mesmo.
Sim, ele tirou-lhe a vida, tirou-lhe os sonhos, roubou-lhe as cores, mas, a determinação e a vontade de atravessar este caminho escuro continuam imunes a todas as adversidades.
Talvez haja uma transformação, uma mudança, um objectivo a alcançar e ela, agora, está disposta a correr até ele e a atravessar todos os obstáculos.
Parou, por um momento, de olhar para o vazio e agora fixou o olhar na tela que havia pintado com todas as cores possíveis, o gira-discos continua ligado e as lágrimas estancaram, esboça um leve sorriso, que soa melhor que uma pequena gargalhada.
Abriu, brutalmente, a janela, aquele ar quente invadiu o espaço, vestiu a sua roupa predilecta, bateu com a porta do quarto e saiu a correr, saiu em busca da sua felicidade.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Inspiração


Agora o quarto não é mais que o seu refúgio, a sua protecção. É o local de inspiração, de purificação da alma. Que a faz sonhar com príncipes e princesas, com castelos e palácios, com coches e cavalos, com vestidos compridos, brilhantes, esbeltos, onde o príncipe encantado existe.
Ele tem tanto poder sobre ela, ele tem a capacidade de lhe tirar a vida, de lhe roubar a felicidade, de lhe apagar os sonhos. Sim, porque até agora, ela acreditava que se tornariam realidade, agora não passam de simples imaginação que se transformam em lágrimas.
Os raios de sol atravessam a janela fechada, o gira-discos está ligado, um som harmonioso, calmo, permanece naquele espaço tão vazio e as lágrimas caiem continuamente do seu rosto.


Lá fora já nada faz sentido, já não há uma força que a supera, já não há dois corpos fundidos num. Apenas vê a sombra escura, imóvel. Os ponteiros do relógio não avançam.
Pega, desenfreadamente, numa fotografia antiga, uma imagem que todos desejam, sorrisos que só no momento se entendem, estão lá reflectidos. Os olhos dela brilham…
Ainda hoje se questiona a definição da palavra “saudade”. Sim, porque todos sentem saudade. Mas o que é realmente? A Marlene diz que é sentir falta de alguém, diz que é sentir um vazio; a Tatiana diz que é sentir falta de algo ou de alguém importante. Mas se é apenas isso realmente, porque é que magoa tanto?

Experiências


Ema acorda, sai em silêncio, encosta a porta com todo o cuidado. Ouvem-se os cães a ladrar, as crianças a brincar, os pratos a bater e ela também acorda. Dirige-se ao espelho, passa as mãos no rosto, passa uma escova no cabelo e senta-se numa almofada perdida no exausto ambiente vivido naquele quarto. Ao lado havia um lápis e um papel em branco. Olha por entre a janela, outra lágrima preenche a sua face triste. Pega no lápis e no papel e escreve. Escreve tudo o que sonhara que acontecesse. As lágrimas caiem continuamente do seu rosto e ela escreve durante minutos, sem parar apenas um único momento. Tudo o que escreve é sentido; baseia-se no conhecimento através das impressões, porque ela cresceu muito com ele, aprendeu muito com ele!
Pára de escrever, atira com o lápis, sem que se perceba onde está ele agora. Lê tudo o que escrevera, e por entre aqueles soluços incontroláveis, esboça meros sorrisos. Agarra no papel e coloca-o dentro de uma caixa preta, repleta de fotografias, desenhos, de recordações. Recordação, sim, é este o motivo de sofrimento. Abraça uma almofada com toda a força e chora. Chora perdida na dor, na dor que a sufoca, que a não deixa pensar, que a não deixa lutar, que a não deixa viver. Os sonhos? Os sonhos agora eram folhas caídas de árvores debruçadas. Agora, agora não havia qualquer motivo que a fizesse sorrir, que a levasse ao auge da felicidade, que a completasse. Agora apenas existiam pedaços de si, pedaços espalhados por todos os momentos vividos com ele. E ele, ele era o portador de todos aqueles pedaços, dos quais ele também fazia parte. Ele era a peça mais importante, a que fazia girar o seu mundo, a que tornava os seus riscos em maravilhosos desenhos, a que juntava as palavras de forma tão profunda. Era ele a sua vida, ele era a sua música.
Torce a almofada tentando-a destruir, porque é essa a vontade que tem de fazer com a sua vida, mas perde as forças.
Levanta-se, pega num casaco escuro, com alguns riscos de tinta colorida, parece ser antigo; veste-o e agarra numa tela branca, nos pincéis e escolhe as cores para desenhar a sua vida.

Vivências


Voltou para trás, desorientada, coberta de lágrimas. Sentou-se no mesmo lugar, e tentou recordar tudo o que sentiu. A sua respiração estava acelerada como nunca antes esteve. Ficou ali durante horas a olhar a água, como se da primeira vez se tratasse. Nunca desejou aquilo, poderia ter continuado feliz com ele, mas ele preferiu ir embora e isso magoava-a, sentia um vazio tão profundo como se o mundo lhe caísse das mãos.
Entrou em casa desconsolada, todos lhe perguntavam o que acontecera, mas ninguém se dignou apenas a estar ao lado dela, ninguém compreendia aquela dor. Ouviu-se um barulho, talvez a porta do seu quarto a bater. Deitou-se por entre todas as almofadas que decoravam a cama e só se ouvia soluçar. Um silêncio profundo permanecia naquele quarto, estava escuro, as cortinas não deixavam a luz entrar, sentia-se um desconforto incrível, as pernas dela tremiam, as almofadas não deixam que se visse o seu rosto.
Começaram a ouvir-se passos por entre o corredor, e alguém tentava abrir a porta com muito cuidado. Ela ergueu a cabeça desejando que ele se tivesse arrependido e voltasse. Era Ema que, com passos suaves, dirigiu-se à sua cama, sentou-se ao seu lado, e passou-lhe a mão no rosto.
Ela voltou-se para o outro lado sem conseguir dizer apenas uma palavra. Ema pegou nas almofadas e colocou-as num canto do quarto, abriu as cortinas, a luz entrou, e deitou-se com ela na cama. Ficaram ali as duas e Ema disse num tom meigo: - És demasiado importante para te deixar sozinha neste momento. Dorme agora, descansa.
E ficaram as duas ali até o sol voltar a entrar por aquela janela.


Recordações


Os corpos imóveis, molhados, colados um no outro, com o forte desejo de nunca deixarem de sentir tudo aquilo; a ansiedade que se manifesta com vontade de revolucionar tudo o que está a acontecer; o corpo dele encostado no dela, gélido; o toque suave que a arrepia e o fechar dos olhos que a faz sonhar e viver no auge.
Ela acorda, sai em silêncio, deixa cair suavemente a manta sobre ele, sem que sinta o frio. Olha a paisagem, senta-se do lado direito da piscina tentando não se molhar. O sol e a aragem fresca fazem-se sentir no seu rosto. Brinca com a água e, no instante em que a última gota volta a cair, ele aparece. Os lábios dele parecem correr desenfreadamente em direcção aos dela. Ela fecha os olhos, a brisa parece ser cada vez mais fria, o sol mais quente ainda, e o sentimento parece aumentar a cada segundo.
Ele despede-se dizendo-lhe suavemente ao ouvido, por entre os cabelos, que a ama. Ela observa-o ao longe, sente uma lágrima no rosto, a imagem fica desfocada...